Quando ele toma conta de mim
suponho que sou eterna:
Todas as cores me invadem
Nas nuvens nossas formas
brincam de um treloso olhar
E, as lágrimas que caem
Banham a terra e fazem tremer
os corpos de quem ama.
Eu conheço a causa:
O calor das mãos
em busca do meu rosto
onde enconta a minha alma.
A vida é cor de rosa...
Ele me disse:
Esqueça os espinhos
as pedras do caminho
os passarinhos sem ninho:
nosso ninho somos nós dois
e a rosa da vida...
Verônica Aroucha
domingo, 1 de novembro de 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
Porque me Vás
Porque me vás e me deixo
assim vazia
Nua
na rua entrelaçada com mil outras cidades
Porque me vás, se nada me tens
Pedacinhos de mim...
Retira-me assim dos teus espaços
Porque me vás, se nos contornos dos espelhos
sorrimos e cantamos
choramos e bebemos
Porque me vás
Se o Céu não vê
O sol não se lembra
A lua zomba de nós
Porque me vás
Na formosura da alma minha
no momento supremo
do meu encontro com Deus
Porque me vás, e me esperas
e me conduzes, e me rebela,
e me estranhas
Sem saber que sempre sou
Um espaço que fica.
Verônica Aroucha (Porque me vás)
25/10/2009
assim vazia
Nua
na rua entrelaçada com mil outras cidades
Porque me vás, se nada me tens
Pedacinhos de mim...
Retira-me assim dos teus espaços
Porque me vás, se nos contornos dos espelhos
sorrimos e cantamos
choramos e bebemos
Porque me vás
Se o Céu não vê
O sol não se lembra
A lua zomba de nós
Porque me vás
Na formosura da alma minha
no momento supremo
do meu encontro com Deus
Porque me vás, e me esperas
e me conduzes, e me rebela,
e me estranhas
Sem saber que sempre sou
Um espaço que fica.
Verônica Aroucha (Porque me vás)
25/10/2009
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
terça-feira, 7 de julho de 2009
Jardim
Jardim
Verônica Aroucha
Cuidando do jardim
entre o céu e o meio do céu
as flores de organdi
e meu coração de papel:
dobraduras de estrelas.
Cuidando do jardim
entre o céu e o meio do céu
Aparece um Serafim
Cantando baladas,
Sorrindo para mim:
De onde vens criança?
Tira a venda dos olhos
Submersos,
queixosos,
feridos por pétalas,
feridos por passáros.
Cuidando do jardim, entre o céu...
Cuidei de mim.
Abri meu peito assim que a lua saiu
E, mostrei a todas as constelações.. .
As azaléias que se formaram, viveram e crescem
Aqui,
Aqui dentro.
Verônica Aroucha
Cuidando do jardim
entre o céu e o meio do céu
as flores de organdi
e meu coração de papel:
dobraduras de estrelas.
Cuidando do jardim
entre o céu e o meio do céu
Aparece um Serafim
Cantando baladas,
Sorrindo para mim:
De onde vens criança?
Tira a venda dos olhos
Submersos,
queixosos,
feridos por pétalas,
feridos por passáros.
Cuidando do jardim, entre o céu...
Cuidei de mim.
Abri meu peito assim que a lua saiu
E, mostrei a todas as constelações.. .
As azaléias que se formaram, viveram e crescem
Aqui,
Aqui dentro.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
EU PISAVA NOS CRISTAIS DISTRAIDA
Eu pisava nos Cristais Distraída.
Verônica Aroucha
Como poderia ter se modificado tanto? Não foi uma mudança qualquer, uma alteração nos gestos. Foi uma mudança no limite, isso. Não, nenhuma palavra exprime aquele novo estado de ser.
Não dei por mim quando mudei. O lenço era mais comprido do que o véu da noiva. Mas era salgado onde lágrimas pareciam minúsculos cristais. Estavam enxutas, finalmente. Quando o Sol batia sobre eles, quem os vissem diriam que eram Estrelas de cores variadas – azul, rosa, verde, laranja.
Quem já viu um Arco-íris assim? Menina chorona de riso fácil. Agora as lágrimas eram mais da natureza do que do sentimento. Chuva de Caju. Seu coração desertificou, sem dar na vista, não sabia que ficaria como alguém que já se foi. Não lhe cabia um lugar qualquer.
A mobília da sala parecia-lhe tão ridícula. Detestava a monotonia das flores plásticas, plácidas e indiferentes.
Às vezes, desconfiava se existia mesmo, tanto lhe palpitava a vida, entrando pelos poros na mesma intensidade de quando escorre o suor após a exaustão da alegria. Cada minuto, cada hora desfilavam em cima da minha alma com a nitidez de um relógio de parede, que toca para avisar do tempo.
O tempo para cá já é outro e não importa mais. Escuto uma música, Bolero de Ravel e um frêmito tomam conta de mim.
Tudo isto acontece, como já disse, porque virei um deserto onde tenho um espaço imenso para correr e encontrar as flores.
Verônica Aroucha
Como poderia ter se modificado tanto? Não foi uma mudança qualquer, uma alteração nos gestos. Foi uma mudança no limite, isso. Não, nenhuma palavra exprime aquele novo estado de ser.
Não dei por mim quando mudei. O lenço era mais comprido do que o véu da noiva. Mas era salgado onde lágrimas pareciam minúsculos cristais. Estavam enxutas, finalmente. Quando o Sol batia sobre eles, quem os vissem diriam que eram Estrelas de cores variadas – azul, rosa, verde, laranja.
Quem já viu um Arco-íris assim? Menina chorona de riso fácil. Agora as lágrimas eram mais da natureza do que do sentimento. Chuva de Caju. Seu coração desertificou, sem dar na vista, não sabia que ficaria como alguém que já se foi. Não lhe cabia um lugar qualquer.
A mobília da sala parecia-lhe tão ridícula. Detestava a monotonia das flores plásticas, plácidas e indiferentes.
Às vezes, desconfiava se existia mesmo, tanto lhe palpitava a vida, entrando pelos poros na mesma intensidade de quando escorre o suor após a exaustão da alegria. Cada minuto, cada hora desfilavam em cima da minha alma com a nitidez de um relógio de parede, que toca para avisar do tempo.
O tempo para cá já é outro e não importa mais. Escuto uma música, Bolero de Ravel e um frêmito tomam conta de mim.
Tudo isto acontece, como já disse, porque virei um deserto onde tenho um espaço imenso para correr e encontrar as flores.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
O Novelo
Naquela altura da vida o medo era um sentimento longínquo. Não caberia sentir. Nem mesmo ansiedade. Como ter medo de viver? A vida passava e muito já se fazia claro, desvendando seu íntimo.
Não era mais criança. Nem mesmo jovem. Era uma mulher vivida pelas luas, sugada pelos momentos a fio. Como se fosse um novelo sem fim. Por que tanto medo? Olhava-se no espelho poucas vezes. Não gostava de mirar-se - nem antes.
Gostava de ser escorregadia, ligeira, se resguardando em si mesma. Melhor dizendo, não gostava. Era. Ela nasceu assim, complicada e tão fácil de não ser nada. A vida lembrava-lhe uma roda gigante e ela não descia nunca. Tão fácil, era só pular da cadeira próxima ao chão, e correr. Correr para encontrar vida. O que seria?
O medo, muito medo. Só faltava um pouco de coragem para tudo se desfazer. Era o momento do inverso, da câmara lenta andando para trás. Não pelas gavetas, fotos. Era outra coisa. Precisava perder o medo, antes que perdesse o trem. Medo de avião é ridículo. Passaria uns dias fora, depois voaria sem dó.
Berenice, não mais Berê, já não chorava. Nem sentia pena. Só perguntava aos quatro ventos, por que o amor acaba? Para onde vai? Some e deixa um precipício, uma cacimba sem água. Dá muito medo.
Alguém, alguém havia lhe dado um abraço. Pequeno aconchego durante uma chuvarada. Deus, o medo, o medo da vida poderia passar. Começou a temperar o feijão, daquele jeito de antes. Com verduras e pouco sal. Cheirava no fogão. Há muito tempo não sentia tanta fome.
Sentou-se perto da porta, afagando os gatos da casa vazia.
Verônica Aroucha
terça-feira, 28 de abril de 2009
Frutas
Existe em ti uma lembrança.
Lembrança de outras eras.
Como as passas
Uvas camufladas em pitombas infantís.
Teu pomar é um grito agudo
Com lágrimas soltas e contidas – não espantar o sabiá.
Existe em ti o sabor de uma doce vida.
A vida, a vida tua.
Alma limpa como um cristal.
Vejo árvores e bons frutos:
Pitombas, laranjas, maçãs.
Vejo o verde dos canaviais.
Verônica Aroucha -
Abril, 22 de 2009
domingo, 19 de abril de 2009
Um Dedinho de Prosa
sexta-feira, 10 de abril de 2009
MUNDO LOUCO
Mundo louco
Vivemos em um mundo cada vez mais louco – um clichê mais que usado. Abusado mesmo.
Quando não temos nada para dizer diante de tantas vozes dentro de nós; como a nossa consciência, observação, nossas... Palavras que faltam por carência de concentração, interesse?
Mas é fato: Mundo Louco. Sempre foi, desde o início, período da explosão cósmica.
As guerras, cataclismos e neuroses.
As neuroses continuam. Diferentes na forma de cuidar e encarar. Incrível, pior do que uma chuvarada inesperada, sem sinal, estupenda como o nascer do Sol. O mundo está lá fora, ou aqui dentro? Ficamos dentro de casa digitando mensagens para pessoas que nunca vimos. Algumas conhecidas, outras, não passam de almas com seus desejos de aglutinação, de simbiose.
Mundo louco, mundo moderno, pós-moderno, e depois do tal “pós” o que teremos? O Mundo está aí – todo mundo grita, todo mundo fala. Mas onde está o mundo? Onde estão as pessoas, gente!
Estamos todos no computador. Isso. Salvamos nossas imagens, afinal. A Era do Gelo, ou da solidão? Não é nem a dois. É a mil por hora. Meu vizinho do lado, pouco encontro no elevador; cumprimentamos aos presentes no tal espaço, quase com receio, com vontade de trocar duas palavras, de dar um sorriso, mas na maioria das vezes falta o encontro dos olhos.
Podemos nos encontrar, fazer um pacto de amizade no ORKUT, ler blogs, sites, etc.
O século da informação em um segundo, entrar no barco a qualquer hora da conexão. Não precisamos bater palmas, pedir licença para entrar, pedir um analgésico. Conversar, conversar.
Podemos telefonar, mandar um e-mail contando nosso rosário de penas... Não é uma boa.
Aí me dei mal – Precisamos sorri, aparecer nas fotos alegres, saudáveis e totalmente felizes e sem dramas. Não podemos ser taxados de problemáticos no campo virtual ou real.
“Alice no País das Maravilhas”, para sermos aceitos, adicionados e queridos. Se esbanjarmos títulos então, é o bicho, a glória do apogeu!
Digo, o mundo é virado, mas estou nele. No ORKUT, no BLOG, nos GRUPOS.
Diante da falta de porta e de canal temos com quem conversar, MSN... Onde não temos medo nem vergonha de demonstrar ternura, carência e amor que vive em nós. Amor pelo semelhante, pelo igual – o que todos somos.
Viva a comunicação que nos resta. Viva a Internet com suas carinhas de animação, suas estrelas brilhantes e rosas, muitas rosas que abrem. Rosas tão lindas, tão pobres por faltar o perfume...Do coração.
Verônica aroucha - Sábado de aleluia, 2009.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
EXTREMO
Extremo
Se eu pudesse deter a juventude dos que se foram,
A saudade que sinto dos outros que irão chegar.
De tudo que não verei...
Se eu pudesse deter – e entre mãos apertar
O sorriso
A fumaça com cheiro de arroz.
Se eu pudesse segurar o instante...
Alcançar uma estrela nova que nascerá
Uma nascente de água limpa
Que muitos irão se banhar.
Se eu pudesse alcançar a criança
Nela depositar todas as alegrias do mundo
Fazendo um balanço...
E, pegando no ar
Tudo o que me pertence.
Se eu pudesse...
Verônica Aroucha
Abril - 2009
segunda-feira, 23 de março de 2009
VIDA
sexta-feira, 13 de março de 2009
VAI NA PAZ!
VAI NA PAZ!
Eu ia pedir para que meu dia derradeiro
Fosse um bonito dia de festa,
Tão bonito que os fogos abafassem o meu adeus.
Eu queria tanto, só uma rosa nas mãos,
Um chão limpo com sementes a crescer...
O esquecimento -
A frieza de um sorriso velado,
Uma estrela vespertina pra embelezar meus sonhos
Desencantados.
Eu queria tanto pedir,
Mas nessas horas todos correm,
Por não ter mais serventia o que nasceu por acaso
Mas mesmo assim eu peço: um pai nosso ligeiro
Sentado sem ser de joelhos,
Um pedido à Mãe do Céu pra que eu suba sem olhar
Para trás
Nunca mais... Com tres escritos:
Vai na paz!
Verônica Aroucha
quinta-feira, 5 de março de 2009
RENDAS DA VIDA
Por um pedaço de renda brilhante aos teus, aos teus olhos.
Uma renda simples, alva, quieta, sobre os teus olhos.
Por um pedaço de renda quase pura aos teus olhos.
Sempre teus olhos esquecidos do Mundo.
Única e diferenciada por ser tua: linda renda!
Por uma renda, em pedaço esvoaçante que abria caminho para teus sonhos.
Abria caminho com toda majestade – podias empilhar papéis, brincar de papagaio sem furar nuvens, nas formas lindas na alvura dos pântanos.
Branca renda que se foi para o mar...
Pela renda, tão suave, tão distante, encontraste um canivete:
Rompeste com a aurora, rompeste com as frutas, jogando fora o pão.
Por uma renda, um pedaço doce da tua pele.
Esqueceste dos panos simples,
Que se contentavam com a brancura da renda no teu olhar,
Teu olhar de Mar...
Rompeste com o Mundo!
E já será tarde entre um moinho de flores,
E já será tarde a esperança partida.
Teu coração é uma tênue renda
Que já sufocou todo o colorido das sobras
De vida.
Nada mais resta em mim – que te importa...
Verônica Aroucha - Rendas da Vida
março.2009
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
POESIA
Poesia é perigo, mesmo.
Não perigo à vista, na cara.
Poesia é perigo que não mata,
não se envaidece.
Dilacera...
Sorriso que não se exprime
Mal que não se cumpre
bem que não se vê.
Poesia, é um pedaço da gente
num rasgão do peito
e o sangue jorra
feito terra molhada diante da aurora.
Poesia é mais forte que um exame...
poesia é o oposto do corpo!
Verônica Aroucha
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
ABELHA
(Imagem de Tarcio Oliveira)
Minha música não tocou. Nunca!
Tudo não é questão de ouvido. É mais primário Nesse caso. Coisas mais simples são às vezes as mais difíceis de entender.
Sei, a vida está no ar, na cratera, na água - no pulso, pulsar.
A vida está em tudo.
Mas sei que passei mesmo a vida morando em mim...Não por escolha, circunstancia – morar ou morrer.
Não sei mais o motivo de pintar a casa pelo Natal. Já está branca e as cores iriam tornar os arredores transparentes; assim é melhor, posso sentir o colorido das doces ilusões na hora em que o Sol, em sinuoso e mudo movimento, se estreita por trás dos montes, deixando toda a atmosfera alaranjada, morna, diante da frieza das primeiras estrelas no firmamento.
Quero capim, lenha e chuva. Nem de roupas preciso, tenho tantas e moda não passa de uma invenção.
Tudo bem, só vou pintar os portões, ha, isso sim!
Portões brancos e não foscos com as samambaias, os crotes e ipês desenhados por cima.
Perdi muito tempo escolhendo cores, arco-íris em tom de pétala.
Perdi muito tempo juntando os cacos, catando os pedaços, fazendo piruetas para não sentir o pulsar, pulsar, pulsar.
Colei umas peças - a cabeça da boneca, a bicicleta alugada, a casa pequena, a família.
Chuva não combina com lama. Tão limpa que me banha as vestes antigas. Saio como cantigas de ninar... Já disse pra que tanta roupa? Só pra dar trabalho mais tarde aos parentes.
Preciso das flores, das folhas secadas ao vento.
Preciso de risos, de esquecimento de mim, por momentos.
Preciso apenas de flores!
Verônica aroucha
fevereiro de 20009
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Amor pequeno
Amor pequeno.
Amor, meu pequeno.
Não percebi tantas batidas em meu rosto.
Perdi o pudor e me desnudei...
Desfilei estranhamente coberta
Com a névoa do teu olhar
Cuidava de não me despir!
Pequeno amor, por que ousei tanto,
Penetrando por tua cruz?
Enquanto me cravava o coração,
Banhava tuas lindas mãos
Com o vermelho da minha dor
E me expulsavas do teu paraíso
Com medo que eu me acostumasse
Com a profundeza do teu céu
E me jogavas para cima, para baixo.
Fez de mim uma estátua.
Para não sentir o meu corpo...
Quente, aconchegante a te incendiar.
Amor, meu pequeno...
Por que não tentaste?
Por que não me precisou?
Verônica Aroucha
2005
domingo, 11 de janeiro de 2009
DO AMOR
OH Deus se não fosse tudo aquilo que não compreendo, talvez eu entendesse de amor.
Oh Deus, eu não queria ter a ilusão do amor - porque amor, amor, não é dor, não massacra e não tinge o peito como um golpe falso.
Oh Deus, eu queria saber o que é amor - porque amor, amor, amor é apenas amor...
O Amor liberta, acompanha, dignifica, completa.
Oh Deus, eu não queria ter a impressão de amar.
Apenas sofrer por alguém que não lhe vê...
Porque o amor, o amor não é cego.
OH Deus, como é triste amar uma ESTRELA!
Verônica Aroucha
sábado, 10 de janeiro de 2009
RECOMEÇO
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Sensatez
SENSATEZ
Não sou depessiva, mas não sou saltitante.
Minha alegria é calma
como as brumas oscilantes.
Já viu um poeta não ser louco?
é quando me enterro dentro de mim,
que encontro minhas falas,
minhas flores,
minhas pedras,
ah, meu lamaçal...
vejo tanta vida
que me foge escorregada
pela escada escondida.
Verônica Aroucha/feita para hoje, diante da sensatez....
BELO BELO
--------------------------------------------------------------------------------
Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Tenho o fogo das constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo-que foi? passou! - de tantas estrelas cadentes.
A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.
O dia vem, e dia adentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.
Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.
As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.
Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.
- Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples..
Manuel Bandeira
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