terça-feira, 28 de abril de 2009


Frutas



Existe em ti uma lembrança.

Lembrança de outras eras.



Como as passas

Uvas camufladas em pitombas infantís.



Teu pomar é um grito agudo

Com lágrimas soltas e contidas – não espantar o sabiá.



Existe em ti o sabor de uma doce vida.

A vida, a vida tua.



Alma limpa como um cristal.



Vejo árvores e bons frutos:

Pitombas, laranjas, maçãs.



Vejo o verde dos canaviais.



Verônica Aroucha -
Abril, 22 de 2009

domingo, 19 de abril de 2009

Um Dedinho de Prosa




A vida corre

O trem apita.



As nuvens se esfumaçam

Já na é mais noite

Nem é dia.



Estou no intermediário:

Ineficácia das horas.



Sofro mesmo assim,

Porque morro.



Se eu não tivesse fim...



Verônica Aroucha

sexta-feira, 10 de abril de 2009

MUNDO LOUCO


Mundo louco



Vivemos em um mundo cada vez mais louco – um clichê mais que usado. Abusado mesmo.

Quando não temos nada para dizer diante de tantas vozes dentro de nós; como a nossa consciência, observação, nossas... Palavras que faltam por carência de concentração, interesse?

Mas é fato: Mundo Louco. Sempre foi, desde o início, período da explosão cósmica.

As guerras, cataclismos e neuroses.

As neuroses continuam. Diferentes na forma de cuidar e encarar. Incrível, pior do que uma chuvarada inesperada, sem sinal, estupenda como o nascer do Sol. O mundo está lá fora, ou aqui dentro? Ficamos dentro de casa digitando mensagens para pessoas que nunca vimos. Algumas conhecidas, outras, não passam de almas com seus desejos de aglutinação, de simbiose.

Mundo louco, mundo moderno, pós-moderno, e depois do tal “pós” o que teremos? O Mundo está aí – todo mundo grita, todo mundo fala. Mas onde está o mundo? Onde estão as pessoas, gente!

Estamos todos no computador. Isso. Salvamos nossas imagens, afinal. A Era do Gelo, ou da solidão? Não é nem a dois. É a mil por hora. Meu vizinho do lado, pouco encontro no elevador; cumprimentamos aos presentes no tal espaço, quase com receio, com vontade de trocar duas palavras, de dar um sorriso, mas na maioria das vezes falta o encontro dos olhos.

Podemos nos encontrar, fazer um pacto de amizade no ORKUT, ler blogs, sites, etc.

O século da informação em um segundo, entrar no barco a qualquer hora da conexão. Não precisamos bater palmas, pedir licença para entrar, pedir um analgésico. Conversar, conversar.

Podemos telefonar, mandar um e-mail contando nosso rosário de penas... Não é uma boa.

Aí me dei mal – Precisamos sorri, aparecer nas fotos alegres, saudáveis e totalmente felizes e sem dramas. Não podemos ser taxados de problemáticos no campo virtual ou real.

“Alice no País das Maravilhas”, para sermos aceitos, adicionados e queridos. Se esbanjarmos títulos então, é o bicho, a glória do apogeu!

Digo, o mundo é virado, mas estou nele. No ORKUT, no BLOG, nos GRUPOS.

Diante da falta de porta e de canal temos com quem conversar, MSN... Onde não temos medo nem vergonha de demonstrar ternura, carência e amor que vive em nós. Amor pelo semelhante, pelo igual – o que todos somos.

Viva a comunicação que nos resta. Viva a Internet com suas carinhas de animação, suas estrelas brilhantes e rosas, muitas rosas que abrem. Rosas tão lindas, tão pobres por faltar o perfume...Do coração.





Verônica aroucha - Sábado de aleluia, 2009.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

EXTREMO


Extremo

Se eu pudesse deter a juventude dos que se foram,
A saudade que sinto dos outros que irão chegar.

De tudo que não verei...

Se eu pudesse deter – e entre mãos apertar
O sorriso
A fumaça com cheiro de arroz.

Se eu pudesse segurar o instante...

Alcançar uma estrela nova que nascerá
Uma nascente de água limpa
Que muitos irão se banhar.

Se eu pudesse alcançar a criança
Nela depositar todas as alegrias do mundo

Fazendo um balanço...

E, pegando no ar
Tudo o que me pertence.

Se eu pudesse...

Verônica Aroucha
Abril - 2009