quinta-feira, 5 de março de 2009

RENDAS DA VIDA


Por um pedaço de renda brilhante aos teus, aos teus olhos.

Uma renda simples, alva, quieta, sobre os teus olhos.

Por um pedaço de renda quase pura aos teus olhos.



Sempre teus olhos esquecidos do Mundo.

Única e diferenciada por ser tua: linda renda!



Por uma renda, em pedaço esvoaçante que abria caminho para teus sonhos.

Abria caminho com toda majestade – podias empilhar papéis, brincar de papagaio sem furar nuvens, nas formas lindas na alvura dos pântanos.

Branca renda que se foi para o mar...



Pela renda, tão suave, tão distante, encontraste um canivete:

Rompeste com a aurora, rompeste com as frutas, jogando fora o pão.

Por uma renda, um pedaço doce da tua pele.

Esqueceste dos panos simples,

Que se contentavam com a brancura da renda no teu olhar,

Teu olhar de Mar...

Rompeste com o Mundo!



E já será tarde entre um moinho de flores,

E já será tarde a esperança partida.



Teu coração é uma tênue renda



Que já sufocou todo o colorido das sobras

De vida.

Nada mais resta em mim – que te importa...



Verônica Aroucha - Rendas da Vida

março.2009

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