domingo, 10 de agosto de 2014

PORQUE SOU

Porque me vás e me deixo
assim vazia
Nua
na rua entrelaçada com mil outras cidades
Porque me vás, se nada me tens
Pedacinhos de mim...
Retira-me assim dos teus espaços
Porque me vás, se nos contornos dos espelhos
sorrimos e cantamos
choramos e bebemos
Porque me vás
Se o Céu não vê
O sol não se lembra
A lua zomba de nós
Porque me vás
Na formosura da alma minha
no momento supremo
do meu encontro com Deus
Porque me vás, e me esperas
e me conduzes, e me rebela,
e me estranhas
Sem saber que sempre sou
Um espaço que fica.

Verônica Aroucha 
25/10/2009

Três Poemas

Maria, Maria
teus poemas
são rosários de penas
que jogas em mim

Poemas que foram Astros
em tempos passados
mas de tanto tardar
Sua luz remota
Não chega a iluminar

Maria, Maria
entendo da dor
de tua alegria...
Mas tira de mim
as algemas
Poemas que não te pedi
poemas que não mereci.

OBSESSÃO

OBSESSÃO

Verônica Aroucha


Ele negava acreditar
Que eu via estrelas no ar
E que o vento frio era o meu cobertor,
Que a manta da noite não era minha
E que as músicas fatais que contavam meus sonhos
Eram letras impressas,
Enganos e nada mais
Mas a poesia fala de alma pra alma
As flores que caiam sobre as falésias
Compreendiam
A doçura toda, o mundo inteiro
E todas as loucuras que eras para mim.