sexta-feira, 18 de junho de 2010

Água de Chumbo

Um chumbo escorreu pelos meus olhos
toca meu coração
Foi quando notei.

Chumbo sem cor com a cara de minha alma
Era uma caricatura de sorriso
um brilho de perola que vinha do meu olhar...

Era branco para não assustar os olhos indiferentes
para não alertar os olhos cegos dos dementes.

Um chumbo escorreu pela vida a fora
Eu enfeitava de louros para não espantar

Então de novo eu fingia um mirar, mirar.
Dançando na grama amarela da cor dos sonhos

Era mesmo chumbo sem gosto e sem emoção.

Onde ficaram as minhas lágrimas juvenis
As minhas lágrimas de mulher?

Agora essa concha quebrada
Manchada de óleo

vagueia pela areia
Esperando o mar voltar.

O sal haverá de me dar
a leveza para o chumbo
eu lavar.

Verônica Aroucha