sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Amor pequeno


Amor pequeno.

Amor, meu pequeno.
Não percebi tantas batidas em meu rosto.
Perdi o pudor e me desnudei...
Desfilei estranhamente coberta
Com a névoa do teu olhar
Cuidava de não me despir!
Pequeno amor, por que ousei tanto,
Penetrando por tua cruz?
Enquanto me cravava o coração,
Banhava tuas lindas mãos
Com o vermelho da minha dor
E me expulsavas do teu paraíso
Com medo que eu me acostumasse
Com a profundeza do teu céu
E me jogavas para cima, para baixo.
Fez de mim uma estátua.
Para não sentir o meu corpo...
Quente, aconchegante a te incendiar.
Amor, meu pequeno...
Por que não tentaste?
Por que não me precisou?

Verônica Aroucha
2005

domingo, 11 de janeiro de 2009

DO AMOR


OH Deus se não fosse tudo aquilo que não compreendo, talvez eu entendesse de amor.
Oh Deus, eu não queria ter a ilusão do amor - porque amor, amor, não é dor, não massacra e não tinge o peito como um golpe falso.
Oh Deus, eu queria saber o que é amor - porque amor, amor, amor é apenas amor...
O Amor liberta, acompanha, dignifica, completa.

Oh Deus, eu não queria ter a impressão de amar.
Apenas sofrer por alguém que não lhe vê...
Porque o amor, o amor não é cego.
OH Deus, como é triste amar uma ESTRELA!

Verônica Aroucha

sábado, 10 de janeiro de 2009

RECOMEÇO


Triste fim de um recomeço.

Recomeço, recomeço...
Com que fim?

O Tempo, esse!
Destrui-se em mim

Com que Tempo
O Sol não muda,
A lua é constante
Estrelas fazem parte
Do fim.

Re sem volta
Come sem nutrir
Meço fora de medida.

Recomeço sim...
A cada adeus.
Que não tem fim

Verônica Aroucha

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Sensatez


SENSATEZ


Não sou depessiva, mas não sou saltitante.
Minha alegria é calma
como as brumas oscilantes.

Já viu um poeta não ser louco?
é quando me enterro dentro de mim,
que encontro minhas falas,
minhas flores,
minhas pedras,
ah, meu lamaçal...
vejo tanta vida
que me foge escorregada
pela escada escondida.

Verônica Aroucha/feita para hoje, diante da sensatez....

BELO BELO

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Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Tenho o fogo das constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo-que foi? passou! - de tantas estrelas cadentes.
A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.
O dia vem, e dia adentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.
Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.
As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.
Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.
- Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples..

Manuel Bandeira