segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Eduardo, meu filho... Parabéns!!!

Hoje é o dia mais feliz do mundo.
Meu filho acaba de nascer há 20 anos atrás.
Eu fechei todas as portas da luz incerta para abrandar minha sede de felicidade, por teus olhos!
Ah, teu sorriso...
Teus abraços.
Nossos medos
Nossas descobertas
Nosso conforto de termos.
Deus te proteja e sejas muito feliz!
Com muitos beijos,
Mainha.
Alegria


Hoje só quero alegria.
Seja ela tardia, ou sem demora.
Pequena; colorida e amiga.
Daquela que contagia...
Quero alegria de um dia de sol,
De uma noite de chuva,
Quando me descubra no clarão do luar.
Quero alegria do riso, sem a tristeza do pranto.
Alegrias solitárias, repartidas...
Somadas e divididas.
Que a minha parte, seja só de alegria...
Contida, sumida, fingida...
Capaz de se superar.
Espero-te alegria.
Vem me encontrar.


Verônica Aroucha


Maio/2003


sexta-feira, 24 de agosto de 2007

No breve olhar


Superfície

A superfície arranhou.
Não queria me oferecer assim marcada.
Viajei entrelaçada pelos teus dedos
Desejando meu ser límpido, suave ao toque.
aveludada.
Onde possas decifrar os signos de forma translúcida,
Fazendo em meu corpo a leitura da lua.
Não queria me dar assim meu amor.
Na áspera folha,
Queria apenas lhe perfumar como uma flor.
Não pensei em deixar nas tuas mãos marca de olhos.
Brilho perolado...
Minhas asas entre tuas mãos:
Era apenas uma borboleta.

Verônica Aroucha

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Sonho



Desejei ser ao menos uma lembrança.
Percebi que não poderia;
Porque de mim, nada tens a lembrar...
Desejei ser apenas uma ausência – parte inacabada de ti.
Compreendi o quanto és completo sem mim.
Agora não desejo nem mesmo ser uma leve recordação...
Tudo que possas me oferecer,
Não me cabem.
É tão pouco.
Por isso,
Peço-te apenas a suavidade de um sonho
Não sonhado.
Toda a manhã olha o Céu para ver se já nasci.
Quem sabe, logo a noite
Uma Estrela irá surgir?


Verônica Aroucha

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Meus pés descalços sobre um chão incerto, me faz precipitar que alcanço o paraíso


E para não enlouquecer, às vezes aparecem

Os Trilhos do Trem
Algumas heranças não são boas.
Quero falar de hábitos
Às vezes, quando se quer muito, não se consegue estar feliz.
A solidão é acompanhada e solitária.
Só você pode percebê-la e senti-la e, no entanto,
Tudo continua como antes em todos os reinos.
Menos para você.
As portas da insanidade entreabertas,
deixando aparecer um rasgo de lucidez.
Só um.
Para que mais do que isso?
Um só é o suficiente
para devolver os trens aos trilhos.

Sílvia Câmara

19 de Agosto de 2007 07:35

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Ao cair gotas das loucas palavras




O Assinalado
Cruz e Souza


Tu és o Louco da imortal loucura,
O louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema Desventura.
Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma Desventura extrema
Faz que tu'alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.

Tu és o Poeta, o grande Assinalado
Que povoas o mundo despovoado,
De belezas eternas, pouco a pouco.

Na Natureza prodigiosa e rica
Toda a audácia dos nervos justifica
Os teus espasmos imortais de louco!


quarta-feira, 8 de agosto de 2007

A Saudade Mesquinha



A saudade mesquinha
Na varanda da saudade
me debruço e choro
a tua ausência
nessa tarde

na varanda da saudade
deixo para trás
o amor que não volta
nunca mais

e passo a sorrir
como louca sozinha
por chorar e sentir
a saudade mesquinha

de ti, de alguém
que criei e sonhei
a quem e ninguém
pertencerei.

Conceição Pazzola
16/2/2007
.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Contando Passo


A um Passo

Certamente foi no mês de janeiro. Manhã de Sol forte e aroma de vida. Pulsava em mim um medo de morte. Meu coração descompassado e minhas mãos sempre tão frias!
Eu ligava. Ligava e o telefone quebrado. Vários dias. Havia sido um pedido; razoável como meu sonho. Mas, não era um apelo de amor.
Era quase uma ordem - tocar fogo de vez e acabar com as ilusões secas, onde nem as lágrimas molhavam o chão. Os remédios para serem doados ao asilo era pretexto.
Naquele dia, minha alma agarrou-se ao corpo com intensa força. Acho que seria ridículo morrer; seria justo.
Continuei minha caminhada, trêmula e triste. Como se fosse cair de um despenhadeiro, entrar no fundo do mar, ou atingir em cheio a Aurora Boreal.
Amor ao desconhecido. Tudo fica menos quando só é sentido pelo outro. Não tem a menor importância. Eu o assustei. Era uma estranha; talvez uma louca!
Li seu pensamento que era a única coisa tocável para mim. Ler enganos, Castelos. Sem rei e sem rainha.
Ele parecia mais sério naquele dia do pedido ao telefone: Venha pegar os remédios pessoalmente; não mande portador.
A alegria me torturava. Continuei andando, andando pensando na minha única imoralidade, contra o mundo, contra a mim, a ele. Amar...
Eu sentia que estava perdida, perdida de mim. Eu era minha pobre criança, mas não, não. Eu era uma mulher.
De repente, me bate um cansaço. Exagerei na caminhada. Sento no banco, perto das mangueiras. Tantos pássaros, borboletas, uma maravilha de jardim.
Escuto um barulho; algo caiu – uma manga! Madura, bem perto de mim. Peguei rápido, antes que fosse achada por outra pessoa.
Era um “sinal” de felicidade, claro!
Naquele dia, enfim, consegui telefonar, combinar o horário. Fui, lembrando ainda do gosto da manga-rosa.
Que Deus me perdoe, a fruta não havia sido para mim.

Verônica Aroucha



quinta-feira, 2 de agosto de 2007


Insanidade

Eles nos sanam.
Compreendem a nossa mudez
Quando precisamos.
Amarram os nossos sapatos
Quando precisamos.
Eles nos sanam.
Com chás de folhas
E flores de plástico.
Compreendem a nossa rigidez.
Zombam da nossa languidez
Relaxam...
Compram o nosso pão,
E repartimos felizes.
Alimentam nossos vazios...
Eles nos sanam,
Simplesmente porque fingem enxergar.
Fazem dos ouvidos
Barulhos da inocência.

Verônica Aroucha
Agosto/2007

Pema da Pedra Cósmica


POEMA DA PEDRA CÓSMICA

Doce como um cordeiro,
livre como um falcão.
Tecendo a sua vida
como a aranha
tece a sua teia.

Tranqüilamente só
que a vida é solidão,
muito mais do que a morte.

Simplesmente zen
que o equilíbrio
é movimento
alimentado pelo tempo
que a tudo transforma.

Firme como uma rocha
a enfrentar tempestades;
inteira, mas dividida
em duas metades.

Pedra cósmica,
sólido equilíbrio
a cavalgar o tempo,
atravessando a vida.

Pedra cósmica,
miragem na linha do horizonte,
a dividir o que é
do que será.

Clóvis Campêlo
Recife, 1992