Sentia tanta pressa! Enrolava os cabelos e passava batom.
Saía descalça para comprar no armazém da frente de casa miçangas e farinha de trigo para o bolo.
Sempre atravessando correndo, como se o mundo fosse um segundo e à tarde já anoitecesse. Profundo medo de não viver. E viveria?
Aproveitava a água e deixava as costas molhadas. Segurava o relógio e seguia como um raio.
Sentia tanta pressa! Foi comprar o cartão de Natal – restava algum tempo, e uma cartinha... O endereço era desconhecido. Voltou.
A pressa acabou.
Passa o secador nos cabelos, rapidamente. Pinta as unhas durante a madrugada, escutando o canto de um pássaro em cima dos fios.
Faz o colar aos poucos: todo o dia costura Sol e Lua.
Quando entra no Mar, enche-se de conchas...
e caminha sem pressa de lugar algum.
Verônica Aroucha
Agosto/2007
4 comentários:
Amei.
Olá, amiga!
Adorei! Especialmente "o costurar lua e sol."
Beijos,
Gerlane
Ô querida, lindo.
Ah esse inclemente chamado tempo.
Mas pra que pressa? Tudo tem seu tempo né?
Adorei o encher-se de conchas e o caminhar sem pressa. Isso dá aprendizado, viu??
um beijo
...
-Adorei quando entrou no mar...
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