segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Sem Pressa

Shirley Temple

Sentia tanta pressa! Enrolava os cabelos e passava batom.
Saía descalça para comprar no armazém da frente de casa miçangas e farinha de trigo para o bolo.

Sempre atravessando correndo, como se o mundo fosse um segundo e à tarde já anoitecesse. Profundo medo de não viver. E viveria?
Aproveitava a água e deixava as costas molhadas. Segurava o relógio e seguia como um raio.

Sentia tanta pressa! Foi comprar o cartão de Natal – restava algum tempo, e uma cartinha... O endereço era desconhecido. Voltou.
A pressa acabou.

Passa o secador nos cabelos, rapidamente. Pinta as unhas durante a madrugada, escutando o canto de um pássaro em cima dos fios.
Faz o colar aos poucos: todo o dia costura Sol e Lua.

Quando entra no Mar, enche-se de conchas...
e caminha sem pressa de lugar algum.

Verônica Aroucha

Agosto/2007



4 comentários:

Muadiê Maria disse...

Amei.

~ Marina ~ disse...

Olá, amiga!
Adorei! Especialmente "o costurar lua e sol."

Beijos,

Gerlane

Sílvia Câmara disse...

Ô querida, lindo.
Ah esse inclemente chamado tempo.
Mas pra que pressa? Tudo tem seu tempo né?
Adorei o encher-se de conchas e o caminhar sem pressa. Isso dá aprendizado, viu??
um beijo

Ramon de Alencar disse...

...
-Adorei quando entrou no mar...