O Assinalado
Cruz e Souza
Tu és o Louco da imortal loucura,
O louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema Desventura.
Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma Desventura extrema
Faz que tu'alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.
Tu és o Poeta, o grande Assinalado
Que povoas o mundo despovoado,
De belezas eternas, pouco a pouco.
Na Natureza prodigiosa e rica
Toda a audácia dos nervos justifica
Os teus espasmos imortais de louco!
Um comentário:
E para não enlouquecer, às vezes aparecem Os Trilhos do Trem
Algumas heranças não são boas.
Quero falar de hábitos
Às vezes, quando se quer muito, não se consegue estar feliz.
A solidão é acompanhada e solitária.
Só você pode percebê-la e senti-la e, no entanto,
Tudo continua como antes em todos os reinos.
Menos para você.
As portas da insanidade entreabertas,
deixando aparecer um rasgo de lucidez.
Só um.
Para que mais do que isso?
Um só é o suficiente
para devolver os trens aos trilhos.
Sílvia Câmara
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