terça-feira, 14 de agosto de 2007

Ao cair gotas das loucas palavras




O Assinalado
Cruz e Souza


Tu és o Louco da imortal loucura,
O louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema Desventura.
Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma Desventura extrema
Faz que tu'alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.

Tu és o Poeta, o grande Assinalado
Que povoas o mundo despovoado,
De belezas eternas, pouco a pouco.

Na Natureza prodigiosa e rica
Toda a audácia dos nervos justifica
Os teus espasmos imortais de louco!


Um comentário:

Sílvia Câmara disse...

E para não enlouquecer, às vezes aparecem Os Trilhos do Trem

Algumas heranças não são boas.
Quero falar de hábitos
Às vezes, quando se quer muito, não se consegue estar feliz.
A solidão é acompanhada e solitária.
Só você pode percebê-la e senti-la e, no entanto,
Tudo continua como antes em todos os reinos.
Menos para você.
As portas da insanidade entreabertas,
deixando aparecer um rasgo de lucidez.
Só um.
Para que mais do que isso?
Um só é o suficiente
para devolver os trens aos trilhos.

Sílvia Câmara