quinta-feira, 19 de julho de 2007

Entre Brancas Nuvens


Cadeira de Balanço

Que dor é essa que cobre meu corpo com casca inexata? Sabe que gosto das cores certas, do conhecimento certo, do alvo certo.
Essa casca que cobre meu corpo não é assim tão dura. Pior é a dureza do coração.
Não acreditar mais nas cores é perder de vista a esperança.
Por que haveria de ser assim?
Tudo bem, eu me descasquei toda; arranquei com as unhas os meus pedaços de cor – eu precisava sobreviver à imensa falta de palavras. Até a rubrica me faria sorrir.
Mas nada chegava nos tempos mornos em que eu suplicava por tua presença
Deus! Que deserto queimou meu corpo. Lá não existia sol. Era deserto de vento.
Arranquei assim, meus pedaços de pele como se quisesse me transformar em uma cadeira. Sem sentimentos.
Como deve ser doce, calmo e bonito um coração sem arranhão. Um coração de criança.
Eu me esforcei – fiz de tudo para não perceber. Mas ela, a dor...Surdina e fria fez de mim assim, uma pessoa parecida, não a uma flor, meu sonho; não a um passarinho, meu ideal...
Ela me fez parecida com uma cadeira:
Forte. Sirvo ainda para embalar um bebê; um ancião. Sirvo de lugar a quem deseja sentar e sonhar, olhando um lindo pôr-do -sol.
Sirvo, sim. Confie – tenho a perfeita solidez...Discreta e pacata.
Se confiasse em mim veria que sirvo de amparo.

Verônica Aroucha
01/12/2006

Um comentário:

Sílvia Câmara disse...

Verônica, pluma-em-poesia,que linda estréia no mundo dos blogs.
E essas Brancas nuvens...
Adorei vc ser cadeira, nem sempre ela fica quieta assim num canto, às vezes muda de lugar e de pensamento. Quem disse que não tem sentimento? Uma cadeira pode absorver o perfil e o temperamento de quem senta muito nela. Pense nisso!!!
um beijo, querida